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Henrique Pedrazza Kopittke (Doutorando / Ph.D. Candidate, University of Michigan)

Biografia

Henrique Pedrazza Kopittke é estudante de doutorado na Universidade do Michigan. É mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina, e sua tese, "Podemos e a Hipótese Populista na Espanha", tematizou populismo, partidos políticos e movimentos sociais. Seus interesses de pesquisa e de ensino incluem populismo, teoria democrática, representação e política latino-americana.

Biography

Henrique Pedrazza Kopittke is a Ph.D. student in Sociology at the University of Michigan. He has a master's degree in Political Sociology from the Federal University of Santa Catarina, and his thesis, "Podemos and the Populist Hypothesis in Spain," dealt with populism, political parties and social movements. His research and teaching interests include populism, democratic theory, representation, and Latin American politics.

Resumo

Bolsonaro e “Bolsonarismo”: o Populismo de Extrema-direita no Brasil

Nesse artigo investigo o sucesso político e eleitoral de Jair Bolsonaro nos termos de teorias recentes sobre o populismo. Essas teorias enfatizam a relação próxima e contraditória entre populismo e democracia. Ao pretender representar o “povo puro” contra “elites corruptas”, o populismo atentaria contra valores pluralistas que sustentam a democracia. Argumento que, valendo-se de um discurso messiânico e voluntarista, Jair Bolsonaro denunciou um “sistema corrupto”, constituído por um variado rol de inimigos: mídia, políticos, esquerdas, militantes, “bandidos”. No entanto, esses significantes são produtos de um universo político que excede as intervenções discursivas do candidato. Para evidenciar isso, utilizo uma abordagem que permite entender o “populismo” e sua estratégia como uma formação que depende de interações antagônicas e altamente contextuais, onde a retórica tem um papel ativo na formação de “sujeitos populares”. O Bolsonarismo enquanto populismo tem como elementos constitutivos o personalismo, a proximidade e comunicação extensiva entre líder e representados; o discurso messiânico e voluntarista (o líder é soldado e ungido); e o antagonismo como princípio de inteligibilidade do social. É um movimento herdeiro do repertório de contestação desenvolvido desde junho de 2013, ainda que antagônico a muito de seus atores. O itinerário histórico nos leva da indignação difusa expressa nas ruas em 2013, até formas de homogeneização estética e discursiva nos movimentos pelo impeachment de Dilma Rousseff. Ao abordar o “Bolsonarismo” como herdeiro de um conjunto heterogêneo de movimentos e protestos, procuro complexificar a relação entre populismo, identidade política, e pluralismo para além das antinomias conceituais presentes nas teorizações contemporâneas sobre o tema.

Palavras-chave

Bolsonaro; Populismo; Democracia; Pluralismo.

Abstract

Bolsonaro and “Bolsonarismo”: Radical Right-Wing Populism in Brazil

In this paper I investigate the political and electoral success of Jair Bolsonaro in light of recent theories on populism, which emphasize the ambiguous relationship between populism and democracy. In claiming to represent the “pure people” against “corrupt elites,” populism attacks pluralist values that underpin democracy. I argue that, using a messianic and voluntarist discourse, Jair Bolsonaro denounced a “corrupt system,” constituted by a wide range of enemies: media, politicians, the left-wing, and organized crime. However, these signifiers are products of a political universe that exceeds the candidate’s discursive interventions. To bring these issues to the fore, the approach utilized allows for an understanding of populism as a formation that depends on antagonistic and highly contextual interactions, where rhetoric plays an active role in the formation of “popular subjects.” “Bolsonarismo” as a subtype of populism presents constitutive elements such as personalism, proximity and extensive communication between leader and represented; the messianic and voluntarist speech (the leader is a soldier and anointed); and antagonism as a principle of intelligibility of the social. It is a movement inheriting the contestation repertoire developed since June 2013, although antagonistic to many of its actors. This historical itinerary takes us from the diffuse indignation expressed on the streets in 2013, to forms of aesthetic and discursive homogenization in the movements for the impeachment of Dilma Rousseff. When approaching “Bolsonarismo” as heir to a heterogeneous set of movements and protests, I try to unravel the relationship between populism, political identity, and pluralism beyond the conceptual antinomies present in contemporary theorizations on the subject.

Keywords

Bolsonaro; Populism; Democracy; Pluralism.