Felipe G. A. Moreira trabalhou como lecturer de Filosofia na Universidade de Miami até o ano passado. No momento, ele faz pesquisa independente no Rio de Janeiro, sua cidade natal. Felipe tem mestrado em filosofia por Boston College e doutorado (igualmente em filosofia) pela Universidade de Miami. Ele também estudou no Brasil (onde recebeu vários diplomas), França (na Universidade de Paris Nanterre) e na Alemanha (na Universidade de Bonn com financiamento da DAAD). A sua pesquisa conecta vários aparentemente desconectados: áreas de pesquisa (e.g., metafísica e política); assuntos (e.g., formas “sutis” de violência e metafísica); autores (e.g., Friedrich Nietzsche e Rudolf Carnap); períodos históricos (e.g., o Grego Antigo e o contemporâneo); e tradições filosóficas (e.g., a tradição continental e a analítica). Ele publicou artigos na Nietzsche-Studien, Revue philosophique de la France et de l'étranger e Manuscrito e Filosofia Unisinos. Ele também publicou duas coletâneas de poemas: Por uma estética do constrangimento (Oito e Meio, 2013) e FGAM (Patuá, 2021). Desde 2018, ele tem escrito uma série de colunas na revista literária luso-brasileira, Subversa. Nessas colunas, ele busca explicitar a relação entre seus trabalhos em filosofia e aquilo que Felipe chama de “poesia metamodernista”. Ele também tem cinco anos de experiência como professor, tendo ensinado aulas introdutórias, intermediárias e avançadas de filosofia, como Assuntos Morais Contemporâneos, Introdução à Filosofia, Filosofia Antiga, Filosofia Moderna e Metafísica. Site pessoal: https://www.felipegamoreira.com/
Felipe G. A. Moreira worked as a lecturer of Philosophy at the University of Miami until last year. Currently, he does independent research in Rio de Janeiro, his hometown. Felipe has an MA degree in philosophy from Boston College and a PhD degree (also in philosophy) from the University of Miami. He likewise studied in Brazil (where he received multiple degrees), France (at Paris Nanterre University) and in Germany (under a DAAD scholarship at the University of Bonn). His research connects several apparently unconnected: areas of research (e.g., metaphysics and politics); issues (e.g., “subtle” kinds of violence and metaphysics); authors (e.g., Friedrich Nietzsche and Rudolf Carnap); historical periods (e.g., the Ancient Greek and the contemporary one); and philosophical traditions (e.g., the continental tradition and the analytic one). He published papers in Nietzsche-Studien, Revue philosophique de la France et de l'étranger, and Manuscrito e Filosofia Unisinos. He also published two poetry collections: Por uma estética do constrangimento (Oito e Meio, 2013), and FGAM (Patuá, 2021). Since 2018, he has written a series of columns in the Luso-Brazilian literary journal, Subversa. In these columns, he spells out the relation between his works in philosophy and what Felipe calls “metamodernist poetry”. He also has five years of teaching experience in having taught introductory, intermediate as well as advanced undergraduate classes, such as Contemporary Moral Issues, Introduction to Philosophy, Ancient Philosophy, Modern Philosophy and Metaphysics. Personal Website: https://www.felipegamoreira.com/
Deus de Bolsonaro e “Queerness”
Dois pressupostos de vários discursos políticos, entrevistas e declarações do atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, são: que um Deus existe; e que esse Deus acredita, entre outras coisas, que relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são práticas pecaminosas. Por conseguinte, Bolsonaro recorrentemente sugere que o governo brasileiro precisa agir de acordo com a vontade desse Deus ao, entre outras coisas, não disponibilizar para crianças nenhuma espécie de material educativo que faça alusão a relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Como devemos reagir ao Deus de Bolsonaro? Eu proponho comparar duas respostas a essa pergunta. A primeira resposta é a resposta eliminativista inspirada por Rudolf Carnap e Friedrich Nietzsche: que é preciso pressionar crentes e líderes políticos (como o próprio Bolsonaro) a não fazer alusão a um conceito de Deus. A razão é que, caso não sejam falsas, alegações que contêm esse conceito são ou sem sentido ou politicamente perigosas. A segunda resposta, que desenvolvo por conta própria, é a resposta revisionista: que é preciso pressionar crentes e líderes políticos a adotarem um conceito revisionista de Deus, o Deus da vontade de síntese, que almeja que todos maximizem e atinjam um balanço entre tendências igualitárias e aquelas libertárias. Uma vez aceito, esse conceito legitima a conclusão que o governo brasileiro deve disponibilizar para crianças material educacional que menciona relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo.
Palavras-Chave: Deus; Bolsonaro; “Queerness”; Religião; Política.
Bolsonaro’s God and Queerness
Two assumptions of several political speeches, interviews and declarations of Brazil’s current president, Jair Bolsonaro, are that: a God exists; and this God believes, among other things, that sexual intercourse among persons who have the same sex is a sinful practice. Accordingly, Bolsonaro often suggests that the Brazilian government is to act in accordance with this God’s will in, among other things, not providing to children any kind of educational material that alludes to sexual intercourse among persons who have the same sex. How are we to react to Bolsonaro’s God? I propose to compare two responses to this question. The first response is the eliminativist response inspired by the likes of Rudolf Carnap and Friedrich Nietzsche: that one is to pressure believers and political leaders (such as Bolsonaro himself) to drop any allusion to a concept of God. The reason is that if not false, claims that contain this concept are either meaningless or politically dangerous. The second response, which I develop on my own, is the revisionist response: that one is to pressure believers and political leaders to adopt a revisionist concept of God, a God of the will to synthesis, who aims one to maximize and achieve a balance between one’s egalitarian tendencies and libertarian ones. Once embraced, this concept of God backs up the conclusion that the Brazilian government is to provide to children educational material that alludes to sexual intercourse among persons who have the same sex.
God; Bolsonaro; Queerness; Religion; Politics.