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  • April 12-13, 2021 – Event Online
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Lidiana de Moraes (Doutoranda / Ph.D. Student, University of Miami)

Biografia

Lidiana de Moraes é candidata ao Doutorado no programa de Estudos Literários, Culturais e Linguísticos, na Universidade de Miami. Ela já publicou sobre tópicos relacionados à literatura luso-afro-brasileira contemporânea, memória e identidade, pós-colonialismo, e representação de gênero. Atualmente ela está trabalhando em sua tese, intitulada “Negociando Espaços Políticos: Insurgências Literárias de Escritoras Negras no Mundo Lusófono Contemporâneo,” na qual ela examina como escritoras africanas e afro-brasileiras - Paulina Chiziane (Moçambique), Conceição Evaristo (Brasil), e Djaimilia Pereira de Almeida (Angola) - usam a noção de “escrevivência” para construir uma perspectiva coletiva feminista do Atlântico negro.

Biography

Lidiana de Moraes is a Ph.D. candidate in the program of Literary, Cultural, and Linguistic Studies, at the University of Miami. She has published on the topics of contemporary Luso-Afro-Brazilian literature, memory and identity, postcolonialism, and gender representation. She is currently working on her dissertation, entitled “Negotiating Political Spaces: Literary Insurgencies of Black Female Authors in the Contemporary Lusophone World,” where she examines how African and Afro-Brazilian writers – Paulina Chiziane (Mozambique), Conceição Evaristo (Brazil), and Djaimilia Pereira de Almeida (Angola) – use the notion of “escrevivência” (survival-writing) to construct a collective feminist perspective of the Black Atlantic.

Resumo

Apagando Interseccionalidade: Inconsistências na Coleta de Dados do Instituto Governamental Brasileiro (IBGE)

Em 1989, Kimberlé Crenshaw trouxe o termo “interseccionalidade” para as discussões feministas para abordar a dificuldade existente até mesmo dentro dos movimentos sociais, nos quais os discursos políticos clamam por igualdade de direitos, mas ignoram as experiências dos outros, criando um efeito propagador de marginizalização. Considerando a exclusão das mulheres negras dos círculos feministas formados em sua maioria por mulheres brancas, e também do movimento negro, geralmente comandado por homens negros, o conceito de interseccionalidade se tornou um dos pilares de apoio ao feminismo negro, e continua a ser relevante até os dias atuais, uma vez que ilustra como as análises sociopolíticas são frequentemente baseadas no que eu chamo de uma estrutura de “ou-ou” (informações divididas ou por raça ou por gênero). Apesar do desenvolvimento do movimento negro feminista desde que o trabalho de Crenshaw foi publicado, em minha pesquisa eu foco na análise do modo como o órgão governamental IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ainda coleta informações usando modelos excludentes de dados que não demonstram a privação de direitos e oportunidades sofrida por mulheres afro-brasileiras. Meu intuito é mostrar como o governo cria o censo nacional baseado em caixas de “ou-ou”, nas quais os indivíduos são descritos ou como mulheres ou como negros, esquecendo das particularidades daquilo que é descrito pela escritora e ativista brasileira Conceição Evaristo como a “dupla condição” das mulheres afro-brasileiras (Evaristo 204). Baseado nas coletas de dados de 2000 a 2018, eu argumento que as inconsistências no modelo atual de estatísticas sociais oferecidas pelo IBGE através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) ignoram uma dinâmica de exclusão interseccional. Assim, os resultados apresentados anualmente colaboram em promover uma falsa percepção de melhoras na igualdade social porque eles não abordam as possibilidades de marginalização presente no método “ou-ou” e como isso impacta a diversidade nacional.

Palavras-chave

Brasil; IBGE; Interseccionalidade; População Afro-brasileira; Representação de Gênero

Abstract

Erasing Intersectionality: Inconsistencies on Data Collection in the Brazilian Government Institute (IBGE)

In 1989, Kimberlé Crenshaw brought the term “intersectionality” to feminist discussions to address the struggle existent within social movements, where political discourses often claim for equal rights, but disregard the experiences of others, creating a rippling effect of marginalization. Considering the exclusion of Black women from feminist circles formed in their majority by white women, and also from Black movements, usually led by Black men; intersectionality became one of the pillars supporting Black feminism and continues to be relevant to this day, as it illustrates how sociopolitical analysis is frequently based on what I call an “either-or” framework (information divided either on race or on gender). In spite of the developments of the Black feminist movement since Crenshaw’s work was published, in my research, I focus on analyzing how the organization IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics) still collects information using exclusionary datasets that do not convey the disenfranchisement of Afro-Brazilian women. My intent is to show how the government creates the national census based on “either-or” boxes, where individuals are described either as women or as Black, disregarding the particularities of what Brazilian author and activist Conceição Evaristo calls the Afro-Brazilian woman's “double condition” (Evaristo 204). Based on the datasets from the year 2000 to 2018, I argue that the inconsistencies in the current model of social statics offered by the IBGE through the national research by household sampling (PNAD) overlook an intersectional dynamic of exclusion. Thus, the results presented annually collaborate in the promotion of a false perception of social equality improvement in how they do not address the possibilities of marginalization in the “either-or” method and how this impacts national diversity.

Keywords

Brazil; IBGE, Intersectionality; Afro-Brazilian Population; Gender Representation